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Por Ricardo Bomfim, Valor — São Paulo
Maconha, folha de cannabis — Foto: Herbal Hemp via Pixabay

Kanna Coin começa amanhã (19) a usar um processo web3 para que a própria comunidade faça a auditoria das plantações de cannabis que lastreiam o criptoativo, voltado ao financiamento do mercado de cannabis medicinal.

No processo, qualquer pessoa que seja dona de tokens do projeto, os KNN, os bloqueia na plataforma da iniciativa enquanto valida se os documentos apresentados pelos produtores estão com todas as informações regularizadas. “A operação só depende do esforço do próprio holder, removendo o intermediário e distribuindo o esforço para a comunidade”, afirma Luis Quintanilha, CEO e cofundador da Kanna.

Se algum usuário validar uma informação incorreta ele pode perder seus tokens, enquanto quem participa corretamente ganha uma pontuação baseada na precisão da sua auditoria em comparação com a média dos avaliadores da rede. Essa pontuação influencia diretamente na recompensa que o membro receberá: quanto mais alinhadas e precisas forem suas avaliações em relação à média, maior será a recompensa até um limite de 50% dos tokens congelados.

“O produtor ganha um selo de cultivo e daremos uma recompensa para as pessoas que fazem parte. Cada ponto verificado terá que ser comprovado pelos sócios”, explica Quintanilha.

Todo o processo foi criado para garantir a governança em um ramo de negócios que ainda é bastante sensível na sociedade: o plantio e cultivo da cannabis, a planta conhecida popularmente como maconha. Quintanilha afirma que as certidões que os produtores precisam apresentar servem em primeiro lugar para demonstrar que a produção é legal e regulada, e que o fazendeiro não tem envolvimento algum com o tráfico de drogas.

Além disso, também é exigido o Cadastro do Ambiente Rural (CAR), com área total da propriedade e fatia dela que deve ser destinada a reserva ambiental, fora documentações relacionadas à gestão de resíduos e incorporação de bens duráveis.

Hoje, a Kanna tem a meta de trazer 60 produtores para o projeto e chegar a 1.200 usuários validadores da auditoria até o final de 2024. “Já estamos em conversa com alguns dos 15 primeiros produtores”, adianta o CEO.

O processo de autenticação será realizado dentro do blockchain da Polygon, uma solução de segunda camada do Ethereum, pois ela possui uma taxa de gás (valor cobrado para processar uma transação) bem menor que a do Ethereum original. “Pelo preço de gás no Ethereum, a pessoa precisaria ter pelo menos 2 mil KNN para valer a pena fazer a validação”, destaca Luis Quintanilha.

A Kanna possui tokens negociados na plataforma do MB (Mercado Bitcoin), mas vale lembrar que o processo de autenticação ocorre em um ambiente descentralizado, de modo que, para participar, quem possuir criptoativos KNN na plataforma da corretora precisa primeiro resgatá-los para uma carteira digital própria como a MetaMask. O usuário também pode comprar diretamente os tokens da Kanna Coin na plataforma do projeto e enviá-los para sua wallet.

Desde seu lançamento, no início de 2022, os tokens da Kanna Coin já subiram mais de 183%. O projeto, por sua vez, teve um faturamento de R$ 161 mil em 2022 e de R$ 208 mil até outubro de 2023.


Fonte: Valor Econômico